Lilithfx

No início, era a folha em branco. Depois, veio o rabisco e um pequeno traço de vida surgiu. Aos poucos, o pequeno borrão feito pelo grafite do lápis-criador se tornou uma letra. Depois a solitária letra, ganhou irmãos e irmãs e surgiram palavras que se juntaram para contar uma história.

A história falava de um garoto e uma garota que viviam solitários, distantes, cada um em seu parágrafo, mas uma sucessão de pontos, vírgulas e conjunções os uniu e juntos viveram um romântico conto de amor.

Infortúnios também vieram. Um autor deprimido não escreve finais felizes. Sem piedade, Ele escreve a morte da garota. O garoto senta em algum canto escuro da página e passa o resto da vida chorando a tragédia vivida.

Mas a esperança não acaba nem mesmo com o FIM. Incomodado com o infeliz desfecho, o leitor, agora novo escritor, também pega uma folha em branco e recomeça uma nova vida...

Gustavo Samuel



Lilithfx


Me confundo com os lençóis na cama:
Insone
Noite após noite,
Após noite...
Insones noites .
Se é lua cheia
Me perco.

O leito não me tem mais
Entrego-me inteira
E incondicionalmente
Da forma que me é exigida.

Torno-me o que sempre quis.
Tudo é como desejo
E desejo tudo
Anseio o inimaginável
O que outrora era inconcebível,
Inaceitável talvez...

A palavra liberdade
Se torna ínfima
Diante do que tenho
E do que sou.
Se é lua cheia
Me encontro.

Ave Noturna
Lilithfx

Super Mulher

Ana Cañas

Composição: Jorge Mautner

Olha, ela fala, ela canta, ela grita, ela zanza
Ela tem aquela transa
Que eu não digo com quem é
Ela tem o rebolado
Tem o corpo tatuado
De uma figa da Guiné

Ela tem uma coleção
De animais bem perigosos
De animais muito orgulhosos
Lá da Arca de Noé
Ela tem uma pantera
Que ela arrasta na coleira
Ela gosta dessa fera
Porque é grande feiticeira
E seduz os corações

Super-Mulher
Super-Mulher
É de capa voadora
Domadora de Leões




Lilithfx

















A Igreja Católica tem séculos de perseguição às mulheres.
Amanhã, no dia Internacional da Mulher, um bom tema para reflexão é como a Igreja Católica, na figura do arcebispo de Recife e Olinda, dom José Cardoso Sobrinho, tratou o caso de um aborto efetuado numa criança de nove anos.
O padrasto (homem) foi perdoado, os padres pedófilos também são, mas nós mulheres, nossos sentimentos, quereres, são condenadas ao "fogo eterno" e reprimidos com uma intensidade jamais vista, a Inquisição continua ainda entre nós, essa é uma prova cabal.
Assim como fez na Idade das Trevas, a Instituição Católica mais uma vez é incoerente, em pleno século XXI, repete normas de séculos passados.
Em menos de um mês provou isso. Primeiro, ao condenar um padre que defende o uso da camisinha (em tempo de AIDS) e condenando uma mãe que autorizou o aborto na filha de nove anos. Menina essa, que tinha sido estuprada pelo padrasto e cuja gravidez representava risco de morte.
Sua mãe foi excomungada, junto com os médicos que praticaram essa "abominação".
Faz parte da linha conservadora adotada atualmente por quem tem o poder nas mãos, e seu principal representante é o Papa Bento XVI.
Saudades de João Paulo II, e seu amor pelas pessoas discriminadas, abandonadas e pecadoras como eu ou você, caro leitor.
Saudades da Teologia da Libertação, e seu discurso de formar fiéis conscientes e engajados em causas sociais.
Saudades de um tempo em que criança era criança, pura e sem erotização. E que o Estado cumpria o seu papel de protegê-las.
A sensação de fracasso é enorme, para onde estamos caminhando como ser humano, não possuo a menor idéia. Só posso tentar acreditar em um Deus do amor, não importa qual seu nome, imagem ou forma que assuma para quem acredita nele.
O fundamental é buscar a felicidade sem ferir ninguém, seguir crenças, respeitando quem pensa diferente.
"Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei."